O luto*

Quatro letrinhas apenas, mas um impacto brutal... ninguém gosta de ouvir esta palavra... vem carregada de incertezas, de dor... vem arrastada, pesada... 

"Estar de luto", "fazer o luto"... são frases que ouço frequentemente... 

Sinceramente, penso que não se está de luto... porque não há data para terminar... não há prazo... não há validade... não se está de luto... vive-se no luto... porque há uma luta diária para viver sem a presença da pessoa que partiu... 

Eu luto, todos os dias, para enfrentar a vida e educar o meu filho, dar-lhe o melhor, fazê-lo feliz... 

Eu luto para que eu seja uma pessoa melhor... mais serena, mais focada em mim, mais em paz comigo...

Não sou guerreira, nem heroína.... não sou super mulher... só procuro não me desiludir, nem desiludir quem me ama... e pensar na possibilidade de desiludir o Jorge, quando ele depositou em mim a responsabilidade de cuidar do nosso filho, é acobardar-me e isso não!

Nunca me esquecerei das palavras dele, junto ao Hospital São João, depois da consulta em que soubemos o péssimo resultado do PET... palavras que ainda hoje fazem eco na minha cabeça... "ela tem de ficar cá para cuidar do Gonçalo".... por isso, eu luto por ele, por mim, pelo nosso filho... 

O luto é isso... lutar todos os dias... porque é preciso reaprender a viver sem essa pessoa, é preciso renascer... porque nunca se fica a mesma pessoa depois de uma perda!

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